“Prateleiras douradas”

Há dias em conversa com o João e a propósito de “como vai o trabalho?  ele respondeu-me:

– Estou na prateleira. Já percebi que me querem empurrar para a reforma … estou á espera da proposta. Entretanto não faço quase nada, cumpro horário. Sinto-me na prateleira há mais de dois anos”.

Não perguntei se estava feliz porque sei que não. É um excelente profissional tem uma experiência incrível já passou por muitas situações naquela empresa, foram mais de 2 anos de dedicação e agora tornou-se um observador, desmotivado, com cada vez menos vontade de participar de propor de aconselhar, de ajudar a prever e a implementar.

Um sentimento de “desconsideração” e de tristeza para ele, e para a empresa apenas um custo.

Como o meu amigo João há provavelmente muitas empresas com colaboradores na “prateleira”.  Não creio que agrade à empresa nem ao colaborador. Na verdade, desde sempre vemos as empresas a colocar esforços e recursos nos processos de “phase-in” – recrutamento e acolhimento, mas muito pouco esforço em criar processos de “phase-out”. É evidente que estes processos de “phase-out” acontecem em circunstâncias diferentes, e por motivos diferentes (redução de custos, renovação de quadro) mas considero que é importante que a área de Recursos Humanos tenha um processo claro, transparente e comunicado a todos os colaboradores do que é expectável aquando do seu “phase-out”.

A aproximação da idade da reforma é em si um processo vivido de forma diferente por cada individuo e sendo um processo de mudança tem características próprias e requer um cuidado específico na comunicação.

É importante que as regras de “phase-out” sejam claras e previamente comunicadas podendo inclusivamente abrirem possibilidades de processos de transição em que seja possível estabelecer relações de partilha e parceria entre colaborador e a empresa com o benefício de ambos. Hoje em dia são exemplos possíveis parcerias com Universidades, Academias, participação em projetos de melhoria, Mentoria, várias soluções que podem ajudar e contribuir para processos de transição mais positivos.

Mais uma vez a comunicação é fundamental nestes processos e deve ser positiva também nesta fase. Ter em consideração o individuo o seu contributo passado, mas o que ainda pode ser o seu contributo presente.

A comunicação é sempre mais difícil quando as circunstâncias são percebidas como menos favoráveis, mas é exatamente por isso que é mais importante ser cuidada assertiva, transparente; positiva.

Não esquecendo que a forma como alguém sai de uma empresa diz muito a quem lá fica.

Por Vera Norte, Founder & Managing Partner Comunicatorium PWN mentor

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